quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fim da linha

Ela o viu de longe no bar. Coincidência ou não, na mesma mesa e bar que eles foram na primeira vez que ficaram juntos. Comida japonesa e cerveja. O coração acelerado confirmava a ansiedade de vê-lo depois de 6 meses que tudo findou entre eles. Um casal de namorados aparentemente feliz e promissor, afinal, eles já estavam juntos a 2 anos e meio antes do remate. A moça morena ficou surpresa e fingiu inicialmente que não o viu esperando uma oportunidade de cumprimentá-lo quando trocassem olhares sem querer, essas coisas de mulher. Mas, isso não aconteceu. Aquele namorado de um passado recente não levantou a cabeça para olhá-la nos olhos, para falar ou para sequer acenar. Vestia uma camisa listrada e tinha uma aparência mais envelhecida desde que ela o viu pela última vez. Ele olhava compenetradamente para o copo e apenas trocava palavras curtas com o amigo silencioso ao seu lado. Ela não entendia o porque daquela reação, se era raiva por algum motivo desconhecido, vergonha, timidez ou se no fundo aquele antigo namorado sabia que nunca tinha sido tão amado por uma mulher como foi pela aquela antiga namorada e isso o constrangia. Ela nunca vai saber e no fundo do seu coração nem queria saber, porque tudo que ela viveu ao lado dele já fazia parte do passado. O seu amor acabou como um último gole de vinho seco Cabernet Sauvignon. Mas, mesmo assim a antiga namorada do namorado que olhava o copo de cerveja tomou coragem e foi até ele e por pouco ele não deixou de olhar o copo para olhar para a antiga namorada, mas para não envergonhá-la disse um olá sem sorrisos Ela sentiu vergonha da atitude infantil dele e ficou triste em perceber que uma amizade tão bonita, uma parceria com confidências tão particulares virou pó e o vento levou. Ela pegou um táxi e voltou para casa pensativa analisando a sua trajetória dos últimos 3 anos. E como foram longos aqueles anos. A vida dela mudou muito ao lado dele, mas mudou mais ainda desde que eles se deixaram. Hoje a moça de sorriso largo está feliz profissionalmente, escreve e fala, coisas que mais gosta de fazer. Ele a ajudou a chegar até ali, a tirou de uma enorme tristeza por diversas vezes e a apoiou a mandar a angústia para escanteio. Ele foi um bom namorado. Ela também foi. Ele se sentia a vontade ao lado dela, e ela o fazia sorrir enquanto o ajudava a ter coragem de enfrentar a vida. A moça morena o respeitava do jeito que ele era, mesmo quando a maioria das pessoas julgava que ele tinha algo errado em seu comportamento. Seus amigos diziam que foi a melhor coisa que aconteceu a ela o fim do namoro, até os amigos dele também repetiam a mesma ladainha para espanto da moça. Ele era seu amigo além de amor. Ela o defenderá de tudo de mal que falarem e o respeitará pelo resto da vida. Ele faz parte da vida dela e ela sempre o levará um pouco em seus novos hábitos. Pena que nem a amizade restou por mero orgulho do antigo namorado. Enfim, ela entendeu que o fim, é mesmo o fim da linha. Claro, nesse caso.

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