sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ando tentando

Tentando fazer com que o meu pensamento entenda o que ele precisa esquecer. Tentando empurrar garganta abaixo que querer a felicidade do outro não significa não lutar, deixar livre e respeitar o outro é a maior das batalhas. Tentando me fazer acreditar que as "horinhas" foram poucas e sem importância, mas eu não sei mentir e muito menos para mim mesma. Tentando buscar explicações em mim, por continuar pensando em algo tão distante, se tenho tantas possibilidades perto. Tentanto ver o sentimento "lindo" por outros ângulos. Tentando varrer para debaixo do tapete da minha memória a poeira da saudade que por vezes ronda o meu dia. Tentando dar oportunidade de algo novo chegar, mas sem querer fechei os olhos. Tentando entender porque a vida me pregou mais essa peça. Tentando tirá-lo do pensamento. Tentando esquecer longe antes de estar perto, e logo estarei bem do lado.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Currículo

Nunca grite comigo, tenho o terrível hábito de revidar. Na maioria do tempo sou bem humorada, mas não pise nos meus calos. Acordo cedo mas com muita preguiça, não tente me tirar na cama. Não tenho dinheiro e nem herança. Me faça rir, mas não conte piadas sem graça. Já tive vários namorados de todas as cores, raças e tamanhos P, M e G. Falo bobagens, dou risada de mim mesmo e pensam que sou retardada. Perco meu tempo com gente medíocre. Gosto de coisas boas, então não me presenteie com bugingangas e me pergunte se eu gostei, eu não vou gostar. Não falo mentiras, só meias verdades. Odeio discutir política. Preciso ficar só de vez enquando, então não me perturbe contando sobre os gols do seu time. Minha cor preferida é pink fluorecente. Gosto de cerveja gelada, além do uísque, da vodka, do vinho, cana, run e do suco de laranja natural. Sou manhosa e faço birra. Seja meu escravo, meu filho e meu pai. Gosto de música e sou eclética, leio revistas de novela e tenho um piercing no umbigo igual o da Mulher melancia. Não seja viciado em novela das 8, mas assista do meu lado sem dizer um "piu". Tenho amigas loucas de pedra e que traem os maridos sem dó e nem piedade, mas não implique com elas. Já amei e isso não tem como esquecer, não tenha ciúmes de psicopata. Não me conte seus segredos, se você mesmo não conseguiu guardá-los, eu é que não vou. Nunca deixe de ter amigos, eu nunca deixarei de ter. Cometa alguns erros, mas se for comigo melhor. Cigarro só se for a carteira inteira, mas nunca um baseado. Não seja nervoso comigo, viro as costas e vou embora. Tenho cara de metida e faz parte do meu show. Não me dê ordens, só entre quatro paredes. Nunca diga que estou mais gorda, não vou mais dirigir a palavra a você. Danço até o chão, e não reclame porque senão é "ado, a ado, cada um no seu quadrado". Não sou compreensiva , quem cai nessa dança porque "chapéu de otário é marreta". Sou independente e assusto os homens. Gosto de sexo animal e sadomasoquismo. Faça sexo todos os dias da semana. Não gosto de cobrar, mas isso não tem como evitar, toda mulher faz e eu também faço. Se vista bem, mas não use roupinha da moda que isso é coisa de veado. Não gosto de homem que goste de futebol, se é que existe. Minta exaustivamente sobre minha beleza. Gosto de homens que tomem decisões, então trate de levantar a bunda da cadeira. Quero ter um filho homem e ele vai aprender a tocar arpa, acho lindo e romântico. Religião não faz minha cabeça, não queira me converter. Não gosto de filmes, só os pornôs de Alexandre Frota, ele é um ótimo ator. Sempre pague minhas contas, ter mulher é luxo. Seja você e dane-se seus amigos. Tenho TPM, brigo e choro sem razão. Gosto de beijos ardentes, mas não me babe inteira. Se roncar, vai dormir no sofá. Não sei cozinhar nem ovo frito. Gosto de discutir relação diariamente. Homem que é homem não broxa...

Que cara é essa, não gostou do meu currículo? Olha, se tudo for muito difícil eu me adequo a você...se der certo, a gente vê depois...não é bem assim, calma...não se assusta...não vai embora...não precisa correr...ei, não vai nem experimentar se apaixonar por mim?
"Sentimental eu sou, eu sou demais..."

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Não estrague a sua própria festa. Previna-se nesse carnaval!

Prêmio criatividade/ The lonely penis

"Deixa o frevo rolar/ Eu só quero saber se você vai ficar/ Ai meu bem sem você não há carnaval/ Vamos cair no passo e a vida gozar..."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nada acontece por acaso

E sem sequer perceber, foi esperado. O sorriso do sonho. Momentos embriagantes de quem nada sabe. Do outro. Do tempo. E o que se sabe, são os beijos cálidos e as longas conversas como velhos amigos. Voraz. Urgente. Cheiro impregnado na memória. "Horinhas" de um encontro. Uma partida. Longe mas perto dos sentidos. Impetuosa descoberta. Desconchavo. Ele não era seu. As experiências vividas já ensinaram e mesmo assim, deixou-se envolver. E ela não se deixa mais envolver a tôa. Ela deixou o coração ser parcial e perdeu a razão. Sentia que devia seguir em frente e foi. Real, sem fantasias. Erro ou acerto? Difícil responder. Viver cada segundo. Arriscar. É sentir que algo não é banal e jogar-se de cabeça. Um pulo no vazio dos que nada sabe. A gente nunca sabe. Da gente. Dos sentimentos. Dos não sentimentos. Tudo pouco e muito, um paradoxo. Ela quer a felicidade dele. Hoje. Sempre. Seja como for. Seja com quem for. Fugaz e perene, como uma paixão. História que ficará guardada na gaveta mais especial da memória. Abstrair. Esquecer. Ela sabe separar as coisas e viver a sua vida. Mas, nada acontece por acaso e tudo sempre tem uma explicação. Ela sabe disso. E, ela sente que essa história ainda não acaba aqui. Lá na frente a vida responde. Agora é com a vida...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O frevo nosso de cada carnaval

O frevo é dança e música que nasceu e se desenvolveu em Pernambuco. Nunca se conseguiu que brotasse em outra terra, ao menos com a autenticidade do que se faz no nosso estado. É lindo ver os passistas voando com suas sombrinhas. Eu tinha curiosidade em saber de onde surgiu o nosso tão querido frevo e me pus a pesquisar. Os passos do frevo, dizem os historiadores, é de origem urbana e nasceu dos passos de capoeira no século XIX, conforme afirma o antropólogo Carlos Eugênio Líbano, no no Recife tinham as bandas marciais de sua predileção, e os negros as seguiam exibindo suas habilidades, não raro entrando em confronto com outras maltas para defender seu estardarte quando coincidia de as bandas cruzarem-se pelas ruas da cidade, até as sombrinhas coloridas seriam uma estilização das utilizadas inicialmente como armas de defesa dos passistas.
A palavra é: FREVO! - A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, dando origem a palavra frevo, que passou a designar: "Efervecência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas como pelo Carnaval", de acordo com o Vocabulário Pernambucano de Pereira da Costa. Divulgando o que a boca anônima do povo já espalhava, o Jornal Pequeno, vespertino do Recife, que mantinha a melhor secção carnavalesca da época, na edição de 12 de fevereiro de 1908, faz a primeira referência a palavra frevo.
Quem é de fato bom pernambucano, se arrepia ao escutar o som do "vassourinhas", e começa a pular com passos acrobáticos e quem não sabe dançar o frevo, dança de forma descompassada e segue a troça pelas ruas. Diz o refrão de uma antiga música que "quem não gosta de samba bom sujeito não é", e eu digo que quem não gosta de frevo, bom pernambucano não é. O frevo é uma das manisfestações culturais mais ricas e lindas do nosso estado, lindo demais...de emocionar.
"Deixa o frevo rolar, eu só quero saber se você vai ficar, ai meu bem sem você não há carnaval, vamos cair no passo e a vida gozar..."

Pesquisa: Fundaj/ Wikipédia/ JC

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Meu alter ego hoje é a mulher maravilha


Nuvem negra num sol de 40º

Hoje está sendo um dia confuso, profissional e emocional. Devo trabalhar no achados e perdidos. E, tenho um coração "Cristiane F. drogado e prostituído" que só arranja sarna pra se coçar ou pulgas atrás das orelhas. Um verdadeiro "samba do criolo doido". Alguém pode me dizer onde eu encontro um tal chamado eixo? Ele me deixou sozinha hoje. Melhor fingir que não é comigo e me manter distraída, de ressaca, como quem saiu do trabalho e foi direto para o bar...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

De tom para Chico



Vinícius, sempre ele...

"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."

domingo, 7 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"It's why I'm easy like sunday morning..."

Amor de carnaval


Eles se conheceram num bloco que passava nas ladeiras, nem lembram mais qual deles era. Se viram de longe, sorriram e logo, se beijaram. Ela bebe cerveja. Ele, cachaça. O coração pulsando ao som do frevo. Ele diz que ela é a mais bonita da multidão, e que gostou da sua ousada fantasia de colombina estilizada. Ela pensa, "ousadia? Mas esse cara nem me conhece", mas aceita a cantada, já tinha beijado mesmo. Ficaram juntos até o bloco se desfazer na ladeira do Amparo. Ele vai embora e não consegue parar de pensar nela. E ele gosta de imaginar qual é a forma do seu corpo sem fantasia...Ela acordou no domingo de carnaval com a voz dele na secretária eletrônica cantando "colombina onde está você, eu vou dançar até o pé se lascar. Me liga!". Ela correu pra atender, mas não deu tempo. E morreu de rir ao ouvir o recado. Ele deixou um número e se encontraram no Mercado da Ribeira. "Não consigo parar de pensar em você. Quero continuar o que ainda não começamos", ele disse olhando fundo nos olhos dela. Ela sorriu e pensou que ele só podia ser um louco, porque só foi um beijo rápido de carnaval. Mas, ela já sabia que ela também já tinha o homem que bebe cachaça na cabeça. Ela sempre gostou de paradoxos. Depois de várias lapadas de cachaça, ele já fazia declarações de amor com a mesma tranqüilidade que se acende um cigarro depois do café ou de comer um prato de filé com fritas. Aos trinta anos um homem já tem opinião formada, mas quase bêbado e ao som do maracatu, só podia ser uma fantasia. Mas, ela estava adorando ouvir. Ela rodopia o corpo leve, inescrupuloso, e saiu dançando até ficar toda suada. Para ele, isso a deixou ainda mais sexy. Ela pensou que estava perdendo seu carnaval e achou melhor ir embora, afinal todos sabem que histórias de carnaval nunca dão certo. Na esquina da rua se virou e acenou para ele, que recuou um passo e arregalou os olhos, se protegendo atrás do boneco gigante. Ela esperou alguns segundos, ele reapareceu e acenou de volta com um gesto duro e frio como um espasmo. Ela levantou de leve os ombros, deu meia-volta e dobrou a esquina. Ele se sentou na calçada, acendeu um cigarro e olhou a fumaça. Ele achava que ela era diferente. O cheiro dela. Era um cheiro que ele não sabia explicar, um cheiro impossível, que só se sente quando não sente direito, só percebe quando não presta atenção, misturado com cheiro de flores, incenso, creme hidratante, chiclete de menta e suor. Ela desistiu e voltou para o lado dele. Os dois primeiros anos deles juntos foram ótimos. Ele gostava do bom humor dela, do seu jeito apressado de encarar as coisas. Olhava para ela e se lembrava dele. "Sinto uma certa pressa", ela diz. "De quê?", ele quer saber, mas ela não sabia responder. Ele gostava de palavras, explicações, e algumas ela não sabia dar. Ela gostava da maturidade dele. Daquele jeito pouco apressado de olhar o mundo. Uma calma típica dos que sabem e não têm medo disso, dos que sabem que nem sempre foi assim. Era aquela calma dele que ela procurava, mas ela tinha pressa, muita pressa de encontrá-la. E foi justamente aquela calma que um dia começou a ocupar espaços desconhecidos nela e revelou uma solidão imensa, só dela. Ela teve medo, muito medo, do silêncio. Era como se de repente não houvesse mais nada além das paredes daquele apartamento. Ele a abraçou. Eles transaram. Ela foi embora, levando a imagem dele. Ela não conhecia mais os caminhos, não era capaz de se distinguir daqueles reflexos, não sabia mais que direção tomar. Ela percebeu que era sábado de carnaval. Pierrôs, colombinas, melindrosas e orquestras de frevo se misturam nas ladeiras de Olinda e ela ali pensando como se a história nunca tivesse sido sua. Fazia tempo que ela tinha ido embora e ainda sentia uma saudade alucinada dos dois. Daquele homem que estava atrás do bloco anos atrás. E ele acendendo mais cigarros tentando moldar com a fumaça uma outra imagem que não a dela. Estão em pedaços. Tudo porque deixaram de ser aquele bêbado e aquele colombina do sábado de carnaval.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Gaiola das loucas

Imagine trabalhar ao lado apenas de mulheres, e ainda por cima desvairadas. Pensou? Pois é, esse é o meu caso. Para começar, tem o mix de profissões que é bem diversificado, pois tem Assistentes Sociais, Pedagogas, Artista Cênica, Artista plástica, Cientista social, Publicitária e eu, Relações Públicas. Todas dentro de um mesmo ambiente, uma mesma gaiola. E ainda por cima, todas com uma personalidade forte e marcante, que tem obrigatoriamente que se completar e trabalhar em equipe, o que nem sempre é fácil mas no fim dá certo. Fora isso, tem os talentos pessoais de cada uma, tem cantoras, contadoras de piada, decoradoras, bloggeiras, viciadas em sexy shop, bregueiras, twitteiras, desligadas, "fazedoras" de casamento, crentes, místicas, sem noção, cachaceiras, as "descontadoras" de problemas pessoais, as desastradas, as "faladores" pelo cotovelo e ainda tem as que "fecham de cadeado". E claro, tem as de "lua" mal humoradas que resmungam e quebram o clima, mas essas são apenas um mero detalhe e em minoria absoluta que prefiro não dar ênfase, pois o "saco de risadas" é muito maior, mais importante e mais divertido. Tenho alguns anos de experiências profissionais, e levo comigo vários amigos que conheci no ambiente de trabalho além de boas lembranças e momentos de descontração, mas aqui nessa empresa realmente tudo que vivo vai ficar na minha história, tudo sempre muito intenso e extremista. Claro, tem suas "frescuras" e problemas, mas no geral é bom demais trabalhar ao lado de pessoas tão especiais, figuras únicas. Nunca estive em um lugar onde existe a demanda e a rotina de trabalho como em todos os lugares, mas tem a gargalhada sempre como prato principal. Loucas demais essas minhas amigas...hilárias!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Até um dia, até talvez, até quem sabe..."

Nós podemos ir embora e nunca mais ser os mesmos. Podemos lembrar todos os dias, mas é como despedir-se novamente com um abraço apertado. Podemos voltar e nada ser como antes. Podemos até ficar para que nada mude, mas aí fica tudo simples demais. Podemos ter dúvidas e certezas. Podemos esperar, e esperar não significa inércia e muito menos desinteresse por outras coisas e pessoas. Podemos desconfiar do destino, mas acreditar em você mesmo. Podemos por instantes pensar que é tudo difícil demais, mas os idéias negativas páram, cansam e dormem. Podemos ter vivido muitas histórias, mas tem coisas que fazem tudo parecer novo, único. Podemos ter os pés fincados no chão, e quando percebemos estamos flutuando nas nuvens. Podemos ter muita vontade de mudança, e descobrirmos que a mudança está dentro de nós. Podemos escrever muitas banalidades, mas é a língua que o sentimento usa para dizer o que sente e o quanto sente. Podemos não ter pressa nenhuma, e ao mesmo tempo ter uma pressa enorme de respostas. Podemos cismar que se está apaixonado, e estar longe de ser loucura como dizem. Podemos parecer imaturos por vivermos algo que parece sem sentido, mas não ligamos porque sentimos que o sentido existe. Podemos ficar ansiosos quando se falta muitos minutos para o que quer que seja. Podemos tentar fugir da lembrança para acontecer de novo e não conseguimos. Podemos querer estar perto, mas não conseguimos. Podemos até sentir saudade, mas não deixamos a tristeza que vem com ela se aproximar, só a alegria dos momentos vividos e a expectativa de quem sabe vivê-los novamente.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Começando a semana com Vinícius...


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.


Para Viver um grande amor - Vinícius de Moraes