terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um dia ruim

"Melancolia – maneira romântica de ficar triste."
(Mário Quintana)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"O apreço não tem preço..."

Admito, a palavra solidariedade já me sôou certas vezes superficial. Coisa de religião que prega sem mostrar como se faz – não que eu tenha preconceito ou sequer religião [tenho Deus]. Ou quem sabe coisa de telemarketing que pede doações para as crianças no Haiti, país tão distante mas com uma realidade de pobreza tão próxima. As vezes me questionava quando esquecia a torneira ligada enquanto escova os dentes e me repreendia pois não estava sendo solidária com o mundo desperdiçando água. Já ouvi dizerem que não doam o que tem porque trabalharam duro para ter seus bens, seu dinheiro, e não para dar a "preguiçosos" que querem apenas mamar nas "tetas" da socidade. E tantos outros que tratam os menos favorecidos com nôjo, desprezo e como "seres inferiores". E depois de tantos debates comigo mesma entendi que a solidariedade fundamenta-se em valores que não conseguimos quantificar, qualificar, ou sequer nomear. Venho aprendendo que solidariedade não tem longas explicações científicas ou filosóficas. Utópico? Não, não mesmo meu amigo. É estender a mão, sem olhar cor, sexo, condição social (ou à falta total dela), saúde e até a conta bancária. E isso para muitos não é nada fácil, tantos olham através dos seus carros importados blindados e sequer percebem as crianças fazendo balabares ou vendendo chicletes no sinal, será que construíram vidros à prova de pobres e a miséria se tornou invisível? Sei, não é fácil ver o ser, não o ter e dar sem querer nada em troca, mas é preciso [necessário] começar a ver o mundo com outro olhar. Está achando que essas palavras são românticas e sonhadoras? Não, faço parte do mundo e tenho responsabilidades sobre ele, não vivemos isolados dentro de nós mesmos. É difícil perceber que o mundo não gira em torno do material, claro que ele é importante, mas sem sentimentos a existência se torna vazia. Posso ser a única a trabalhar em um projeto social, mas se eu acreditar, terei apoio de muitos. Se eu fizer a minha parte, estimularei tantos outros a fazerem a sua. Acha que nos dias de hoje ser solidário é uma mera convenção social para sair bem na foto? Eu acredito em corações que se doam para outros corações e quem não tem esse sentimento verdadeiro desiste no meio do caminho. Espero poder ajudar as crianças do Haiti e daqui, economizar a água do planeta, dar um pouco do meu trabalho. Desejo dias melhores para os filhos que virei a ter. Dias de mais oportunidades e comida na mesa de todos. E eu – enquanto forças tiver – farei o meu pouco, e darei meu trabalho e meu pedaço de esperança. Mas, se nada disso eu puder ter ou fazer, ou tiver tomando atitudes erradas, que a vida me torne humilde para continuar aprendendo o caminho da solidariedade.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A casa

Eu vi uma casa ideal para nós dois. "Não tinha teto, não tinha nada", como na canção infantil. Mas, cabia nós dois, nossos livros e cd's. A nossa cadelinha peluda e manhosa. Os violões e as garrafas de uísque barato. Ela cabia nos nossos sonhos. Escorregava dos nossos bolsos. E aquela casinha fantasiada de apartamento não saiu mais da minha cabeça. Martela os filmes com pipoca amanteigada na sala. Os convidados indesejados com vassouras atrás da porta. O tapete de palha na entrada, as plantas, os quadros nas paredes. Que "ninguém podia dormir na rede porque na casa não tinha parede", que ainda não eram nossas para pendurar a foto da família. Teima na cabeça a privacidade. O nós dois e nossas sombras, somente. A rotina disfarçada de beijo de despedida toda manhã. As cabeças deitadas na mesma cama compartilhando os mesmos sonhos. O filho correndo pelos corredores fugindo da salada no almoço. A roupa suja para lavar. O amor pela manhã. O beijo de boa noite. Eu vi uma casa ideal para nós dois. E é lá que eu quero morar ao seu lado.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Cabeça nas nuvens

Sonhos são pessoais e intransferíveis. Sim, podem ser mutáveis, mas não te largam até a realização. Não são privilégio, nem prerrogativa das fases da vida. Dizem que "sonhar não custa nada", erro tremendo. Sonhar custa tempo, dedicação e esforço. Sonho sem primeiro passo é fantasia. Sonho sem investimento é perda de tempo. Compreendi que existem sonhos que precisamos estar preparados para recebê-los, senão ele vai embora e volta a ser um balão ilusório acima da nossa cabeça. As vezes é melhor esperar para realizá-los depois. Alguns momentos, queremos mas não acreditamos nos nossos sonhos, e o resultado é que ele termina indo comprar cigarros e nunca mais volta. Eles escapam pelos nossos dedos muitas vezes sem que sequer percebamos. E também tantas e tantas vezes eles caem na palma de nossa mão e o aguarramos com unhas e dentes. Basta sentir. Perceber. Pedir e lutar que ele vem. Sonhos altos ou baixos. Sonhos de riqueza, prosperidade, de viajar o mundo. Sonhos de ter saúde e conhecer o mar. Sonhos para respirar. Sonhos para tomar diarimente e em jejum. sonho para comer e se lambuzar.