quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Duas pedras de gelo


Ele levava o violão debaixo do braço. Assim, como a música do Zé Keti. Gostava até de uísque cowboy, apesar de ser urbano ao extremo, mas preferia com duas pedras de gelo. Amava o asfalto e as mulheres bonitas que atravessavam a caminho da praia com seus biquínis fio dental. Um homem boêmio de pouco mais de 40 anos e muitas histórias para contar. Um amante fugaz mas intenso. Um conquistador que nunca se esforçou em correr atrás de um rabo de saia, elas que corriam atrás do homem de pele envelhecida mas de boa aparência. Um solteiro convicto sem filhos, pelo menos que ele saiba. Alguém já disse um dia que ele era o pai de seu filho, mas os exames negaram. Ele era só. Só porque não tinha dono nesse mundo, mas nunca estava só porque tinha muitos amigos. E como tinha amigos. Na mesa do bar em que frequentava ele sentava o violão em seu colo. Boteco movimentando e frequentado pelos boêmios da cidade. O gelo no uísque tilintava. A voz saia rouca mas afinada. As moças deslustras de família ou sem família, se aproximaram e batiam nas coxas fazendo um leve som de estalo. Esse homem só podia gostar de Bossa Nova.

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