terça-feira, 17 de agosto de 2010

Início do início

Os dois apenas se entreolhavam durante um beijo e outro no sofá da sala. Amassos e abraços. Sussurravam mais do que conversavam — pouco tempo iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos e não sabiam que nome dar ao que estavam sentindo — apenas sabiam que ainda não era o amor. Era algo sem nome. Ela raramente se presenteava com sentimentos que não tem nome. O suor escorria do rosto e as palavras continuavam mudas naquele velho sofá. Para quebrar o silêncio, ele contava piadas e mais piadas sem graça, apenas para vê-la sorrir. E inventava histórias sobre o futuro dos dois para dar esperança de um final feliz para aquele tão breve romance. E isso amedrontava ela, pois um dia já sonhou demais ao ponto de confundir a realidade — tinha medo — medo de se ver nele. Ela não tinha como esconder de si mesma a embriaguez de estarem juntos. E a vontade da sua presença. Ele gostava das bebidas mais fortes sem moderação, das idéias mais complexas e dos sentimentos mais intensos, e apesar de dar medo de uma certa maneira a inspirava. A coragem de ousar é inspiradora. Ele queria mais dela. Ele queria ela na sua vida. E a vida queria fazê-la aprender a enxergar com os olhos do equilíbrio. Equilíbrio entre o coração e a razão. Ela riu sem graça para ele, apagou a luz da sala, e voltou a beijá-lo sem pensar em mais nada.

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