terça-feira, 6 de julho de 2010

O novo

O que eu sinto hoje não protagoniza cenas de cinema com batida de claquete, "câmera, ação!". Não tem máscaras em bailes ou carnavais. Está longe do romantismo gratuito das frases feitas. Das palavras bêbadas. Sem fratura exposta que se abre no corpo do outro. E não quero nada disso. Tem a resistência involuntária que me mantém de pé e a malemolência do deitar e rolar. Do deixar acontecer. Dos dedos enlaçados. Dos olhos nos olhos. Dos longos beijos. Som de violão. Esse instrumento está marcado na pele do passado e do presente. Mas só agora, escuto o que eu gosto. O som dele é o meu. Do lado A ao lado B. Eu sinto nos meus gestos os gestos dele. A boemia despretensiosa. Palavras são ditas com quietude e sem recusa, elas jogam limpo. Tudo naturalmente, leve, sem planos. Levo nos bolsos do meu jeans o "seja o que Deus quiser". E a cada momento entendo que somos sempre capazes de sentir vibrar o coração quantas vezes a vida achar necessário. O amor é clarividente. Resiliente. Cisma em voltar a bater a porta. E o recebo como velho amigo e sirvo um café com biscoitos. Tenho um papo sério com ele e prometo parar de dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo, não existe. Existe eu e como eu decido os meus passos. Eu levo o sentir, o ir e vir. É como diz um trecho de um poema de Drummond "O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua". E eu continuo querendo o amor em todos os cantos da minha vida. Entre e fique à vontade.

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